sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O que é um realejo?


Quem ainda se lembra do realejo? Era sempre uma tarde de sol quando ouvia-se a musiquinha do realejo na rua. Pelo menos na minha memória era sempre numa tarde de sol que nós corríamos para a janela do casarão para ver o homem do realejo descendo a ladeira. Ele usava um chapeuzinho amarrotado e vinha virando a manivela do realejo, produzindo aquela música meio triste, tão especial. Encarapitado na armação verde do realejo, acima das gavetinhas da sorte, o periquito que com seu bico escolhia o papelzinho (ou vermelho, ou amarelo) que nos diria o que o futuro nos reservava.Eu adorava o realejo. Saía correndo para calçada com a minha moedinha na mão nem tanto pra tirar a sorte, mas querendo ver o periquito verde que era tão esperto e sabia escolher o meu futuro. “É o vermelho ou o amarelo, periquito?” dizia o homem do realejo, enquanto a criançada espiava de olhos arregalados. E o periquito, virando a cabecinha pra lá e pra cá, escolhia um papelzinho da caixa para a gente.Todo mundo se amontoava para ler a sorte dos outros. “Que é que diz aí, hein?” E o comprador lia em voz alta: “Você vai ser muito feliz na vida” ou “Você é uma pessoa boa, simpática e inteligente”. Pois é, o periquito nunca tirava nada de ruim pra ninguém, e aí estava a maravilha. A gente acreditava, guardava o papelzinho com cuidado para não perder a boa sorte, olhava em volta para ver se os outros haviam ouvido bem (especialmente se a gente tirara elogios) e esperava para ouvir a sorte dos outros. O periquito nunca se cansava, nunca bicava ninguém, e olha que ele tinha oportunidade, tanta criança se espremendo para passar a mão no bichinho. E o homem do realejo ia embora, tocando aquela musiquinha até que não dava mais para se ouvir na curva da rua.Eu acho que o realejo não existe mais, o que é muito triste. Era parte da infância esperar o realejo e tirar a sorte numa linda tarde de sol em São Paulo.

texto de Lygia Bradnick
Email: ciarealejo@hotmail.com

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Um pouco de realejo


"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que
lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor
amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido;
sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa
existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto
diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo
radioso de sensações! " José de Alencar


Email: ciarealejo@hotmail.com

E tudo começou com uma brincadeira

Pra gente relembrar nosso primeiro trabalho:

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No dia 17 de janeiro de 2009, Machado será palco de um lindo sarau. Reunindo grandes poetas como Vinícius de Moraes, Mario Quintana, Fernando Pessoa entre outros, os atores: Souza Heiras, Isabel Ramos e Rodrigo Freitas (Os dois últimos, da cidade de Aparecida - SP) apresentam através de encenações um espetáculo poético com o nome de Realejo. A noite também é presenteada com apresentações de dança cigana, tango performático e música ao vivo (MPB). É um espetáculo singelo, sublime e emocional. Com o apoio de empresas machadenses, o evento tende a abrilhantar o início deste ano com cultura de bom gosto e um trabalho de qualidade.Junte-se a nós e seja bem vindo! Você não vai ter coragem de perder, vai?